Neste texto tentarei apresentar rapidamente três temas que a meu ver são, nos dias de atuais, banalizados e menosprezados em nossa sociedade: Verdade, Conhecimento e Discurso.
A ligação entre os dois primeiros temas citados, Verdade e Conhecimento, parece lógica, e realmente é. Para começar lembremos que uma determinada sentença para ser considerada Conhecimento, conforme primeiramente mostrado por Platão e hoje em dia visto em uma perspectiva padrão, ou seja, pelo próprio senso comum, deve satisfazer três condições: uma crença deve ser justificada por uma teoria e admitida como verdade por uma evidência. Portanto, a crença, a justificação e a verdade deverão coexistir para que o a sentença seja tida como um conhecimento.
Este tipo de procedimento apresenta muitos problemas, os quais são objetos de critica a filosófica Platônica, visto que para o filósofo encontrar a evidencia, muitas vezes deixava-se o universo sensível e passava ao universo das formas, tornando sua doutrina menos prática. A evidência que torna a crença verdadeira normalmente só era encontrada via metafísica, ou seja, a verdade seria algo para os deuses.
É nesta crítica que muitos ceticistas se baseiam ao apresentarem teorias que minimizam nossa capacidade de encontrar a verdade e chegam a somente a admitir que um conhecimento verdadeiro esteja em sentenças auto-evidentes – onde a evidencia se apresenta na própria sentença – tais como “2+2=4” ou “A=A”.
Entretanto mesmo que aceitarmos a dificuldade de acreditar em certas verdades menos palpáveis, não podemos deixar de reconhecer que algumas crenças podem ser tidas como conhecimento apenas por serem justificadas. Temos, nestes casos, por exemplo a “gravidade”, que é justificada por todo um estudo experimental que nos dá uma certa segurança, visto que abrangendo eventos passados esta crença não dá a certeza para eventos futuros. A justificativa se apresenta em uma teoria que não pode ser tida como verdadeira, em especial segundo um olhar cético.
Por outro lado, o ceticista nos dirá: nos não temos certeza de praticamente nada; não conhecemos nada; mas para termos uma saída racional, entendemos que algumas justificações são mais fortes que outras, portanto devemos tomar atitudes baseadas na provável verdade que estas crenças apresentam.
Aqui está demonstrar a dificuldade de encontrarmos um conhecimento teórico ou prático, com o mínimo de complexidade, onde a verdade seja evidenciada. Portanto vejo com ressalvas os inúmeros discursos apresentados das mais diversas formas, onde agentes dos discursos agem como donos da verdade, aos moldes de um neo-platonismo. Tenho certeza que grande parte deste pseudo-sábios tem noção de seu erro quanto a falta de veracidade em seus discursos, mas o fazem pelo poder da alienação e subjugação social.
Visto a impossibilidade de alcançarmos a verdade, em um sentido restrito, parece-me que a disputa pelo poder não mais se dá no campo da discussão de quem tem o dom da persuasão, da retórica ou até mesmo da erística. Não obstante, o confronto se dá a priori, portanto através de possibilidade de realizar os discursos. Melhor entendido, o poder será de quem tiver a capacidade de discursar e para isso, no mundo capitalista, nada melhor que a mídia comercial, e no âmbito político nada como a alienação pela panfletagem populista. Lembrando que, no caso, os dois sistemas são um a extensão do outro.
Para finalizar gostaria de deixar a sugestão de um texto que escrevi sobre as possibilidades da democratização do discurso pela internet. Este baseado em uma releitura de Foucault.
Notas Sobre Um Paradigma da Informação