Por fim: O texto revelador. Revelador por que foi por este texto que os anteriores foram postados, visando um prévio esclarecimento sobre este que talvez seja o assunto mais em voga em discussões recentes do PAC.
Com vocês a Pedagogia Libertária, a pedagogia do "pensar certo".
PEDAGOGIA LIBERTÁRIA
A educação e o ensino brasileiro, na sua vertente pedagógica Libertária, de inclinação anarquista, marcou o final do século XIX e XX. As doutrinas anarquistas que fundamentam essa pedagogia foram trazidas pelos trabalhadores europeus que formaram as primeiras organizações do proletário urbano. As idéias anarquistas e comunistas foram divulgadas, assim como os ideais da pedagogia de cunho libertário e os sindicatos criaram escolas de orientação libertária. Mas foram sufocadas com o governo da Primeira República.
As escolas libertárias do inicio do século estão ligadas ao nome de João Penteado e Adelino Pinho, ambos militantes libertários, que tinham como modelo a Escola Moderna de Barcelona, criada pelo espanhol Francisco Ferrer y Guardia.
Papel da escola: preparação do indivíduo para a transformação da sociedade e para a autogestão.
Método de ensino: não existem metodologias a serem aplicadas. O que existe é o grupo. Recusa qualquer tipo de autoridade. Todos decidem o que querem estudar. Cabe ao grupo fazer suas escolhas e se responsabilizar por elas, o grupo se autogestiona. Conteúdo é tudo que pode ser vivenciado. Nega-se toda possibilidade de transmissão de saberes prontos e acabados, que derivam de processos autoritários.
Papel do professor: orientador do grupo. Se o aluno é livre, este também o é frente aos alunos. Ambos chegam a um consenso pelas necessidades do grupo.
Hoje, sua influencia se reduz a núcleos de estudo ou no ensino informal. Seus preceitos libertários influenciaram renomados educadores, como Paulo Freire.
Maurício Tragtemberg, anarquista, propôs uma discussão bem atual sobre a possibilidade de uma escola anti-autoritária e anti-burocrática.
“A autogestão da escola pelos trabalhadores da educação – incluindo os alunos – é a condição de democratização escolar (...) Sem escola democrática não há regime democrático; portanto, a democratização da escola é fundamental e urgente, pois ela forma o homem, o futuro cidadão”.
Em abril deste ano, assisti a uma palestra ministrada por José Pacheco, fundador da Escola da Ponte em Portugal, estudada no âmbito universitário devido sua característica extremamente libertária. Lá, os alunos são ensinados a fazer o seu planejamento de aula, não há conteúdos fixos, não há a presença do diretor, existem professores tutores que mediatizam as atividades dos grupos. Lembro muito bem de Pacheco falando que lá não há leis, pois as leis existem para corrompê-las. O que falta nas pessoas, segundo ele, é compreender, se colocar no lugar do outro. O professor, para trabalhar na Escola da Ponte, deve responder a um único critério: ter amor! Quando sua escola foi fundada, há mais ou menos 30 anos, recebia alunos em reabilitação, jovens penitenciários, meninos de rua, pessoas excluídas da escola, ou melhor, que a escola excluía.
Pacheco disse que o ensino brasileiro já mostrou seu fracasso há mais de 100 anos. E nós continuamos a insistir em uma educação fracassada. Em São Paulo existe a escola Amorim Lima, citada por Pacheco, que tem por inspiração a Escola da Ponte.
Dessa forma a possibilidade dos alunos adorarem ir para a escola é mais provável, pois a escola é deles. Eles aprender a escolher, a ter idéias autônomas, a decidir o que é melhor para ele e para todos. Atitudes conscientes que transformam.
Giorgia
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