A produção cinematográfica brasileira, como na maior parte do mundo, é a priori autoral. Exclui-se deste tipo de produção especialmente os filmes executados em Hollywood. Nosso cinema, pelas necessidades da indústria, poderia ser aos moldes da Nouvelle Vague, e já foi bem parecido com este movimento, a citar com o Cinema Novo e talvez até mais ainda com o Cinema Marginal. Hoje em dia o diretor ainda tem sua importância elevada, mas os acordos de divulgação, investidores e produtores, entre outros fatores, afetam de forma significativa o resultado final de um trabalho. Gostaria de citar um realizador, termo preferido por Bresson, que ainda promove, apesar dos contras, um cinema razoavelmente autoral no Brasil: José Padilha. Ele como uma das mais importantes figuras de nosso cinema, têm 3 excelentes trabalhos na conta, “Ônibus 174”, documentário de 2002, “Tropa de Elite”, filme de 2007 que venceu o Urso de Ouro no Festival de Berlim do ano seguinte e o recém lançado “Tropa de Elite 2”. Exatamente no dia do lançamento do Tropa 2, fui assisti-lo no cinema, no meio de toda aquela bagunça dos dias de lançamentos mais esperados no Brasil: gritos, gargalhadas sem por que, aplausos para tiros e socos, e comentários desnecessários. Mas, apesar disso pude apreciar o filme de forma aceitável. Ao chegar em casa, como de costume, acesso a rede do Orkut e entro na “comunidade” do filme e para minha surpresa esta já estava com mais de 14 mil membros, mas tudo bem, pois ela foi criada no mês de julho. Para conferir busquei a comunidade do Tropa de Elite, o primeiro, e vejo que esta possui mais de 360 mil membros. Neste ponto voltamos a questão do cinema autoral. Sabendo que estes filmes são realizados por um verdadeiro cineasta autoral, fui atrás da comunidade do realizador. Esta possuía 266 membros. Fazendo relação matemática cheguei a conclusão que cerca de 0,08% do público se preocupa com o autor do filme, e isso falando de um homem que é responsável, pelo roteiro, argumento, produção e direção de seus trabalhos. É claro está conclusão é obra de mero empirismo e positivista. E os dados utilizados são muito fracos. Mas mesmo assim não deixa de ser interessante a forma como a maioria das pessoas analisa, ou deixa de analisar, um trabalho feito com tanto esforço por parte de seus realizadores.
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